Não é fácil ser pai: Como domar os leõezinhos, não chatear sua esposa e recuperar (um pouco) a sanidade depois da paternidade Capa comum – 19 junho 2023

René Breuel é pastor e fundador da Hopera, igreja situada em Roma, na Itália, desde 2012. Possui mestrado em Escrita Criativa pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, em Teologia pelo Regent College, no Canadá, e é bacharel em Administração pela Fundação Getúlio Vargas. Já contribuiu com veículos como  Washington Post ,  Times Literary Supplement ,  Christianity Today ,  Evangelical Focus  e  Ultimato , e é autor do livro  O paradoxo da felicidade . É casado com Sarah e pai de dois meninos, Pietro e Matteo.

Quando meu primeiro filho nasceu, fiquei encantado. Fiquei exausto. Não sabia se estava pronto ou se queria ser pai.

Foi a transição mais difícil da minha vida. Fazer faculdade, sair de casa, convencer uma mulher bonita a se casar comigo ― foi tudo difícil. Especialmente a última parte. Penei muito. O amor da Sarah por mim ainda me deixa maravilhado.

Quando um bebê chegou, porém, o nível de dificuldade aumentou. A vida de outra pessoa estava em jogo, uma vida frágil, que eu amava. Mas dentro da pessoa que deveria ser uma rocha para ele, detectei um coração instável, insegurança e falta de rumo.

Cresci ouvindo que a vida girava ao meu redor, que deveria perseguir meus sonhos, que era um campeão em construção. Racionalmente, sabia que se tratava de chavões repetidos em discursos motivacionais e propagandas de televisão. Mas debaixo da fachada de adulto responsável, eu ainda queria que a vida girasse ao meu redor pelo menos um pouquinho . Tinha metas por alcançar. Sonhava em me tornar aquele campeão, o que quer que isso significasse.

Mas aí um bebê nasceu, e com ele a necessidade de altruísmo constante. Vigor físico. Objetivos de vida ajustados. Acima de tudo, maturidade e sabedoria. Um alarme disparou dentro de mim: Atenção! Território perigoso! Eu queria ser um excelente pai. Sabia que poderia fracassar e recomeçar em outras áreas da vida, mas essa era uma área na qual queria acertar desde o começo. Meus filhos mereciam o melhor pai que eu pudesse ser.

Contudo, percebi também que não estava pronto. Precisava entender minha nova fase de vida e a metamorfose pessoal que ela exigia. Então, decidi refletir e escrever a esse respeito. Colocar palavras no papel me ajudou a discernir os estágios, processar o que estava vivenciando e colocar em ordem minha vida interior. O desafio não era aprender a trocar fraldas ou não deixar meu filho cair no chão (ele caiu dos meus braços uma vez e sobreviveu). Era o meu labirinto de ânimos e medos e mecanismos de fuga da realidade. Eu era o desafio.

Neste livro eu ofereço a minha vida para ajudar você a refletir sobre a sua. Não que eu me considere um modelo ― na verdade, você vai ler um bocado sobre meus fiascos e trapalhadas. Mas espero que estas páginas lhe ofereçam um conforto meio estranho e ajudem você a perceber que não é o único novo pai ou nova mãe desastrado no mundo.

Uma última coisa, antes de começarmos. Quero usar os instintos paternos que ainda estou aperfeiçoando e arriscar algumas palavras de encorajamento para quem deseja ter filhos ou já tem filhos. Posso? Aí vão.

Vai dar tudo certo. Se você está lendo estas palavras, é porque se importa. Porque está se esforçando. Porque está interessado no lindo projeto de ajudar outro ser humano a crescer. Você vai cometer erros, é claro. Todo mundo comete. Mas aí a vida nos ensina. Algo dentro de nós encara o desafio. E algo grandioso se forma: uma mãe, um pai.

Nosso mundo precisa dessas pessoas.